Em 1962, o presidente João Goulart assinava a criação do 13º salário e logo no artigo primeiro, a lei prevê: “No mês de dezembro de cada ano, a todo empregado será paga, pelo empregador, uma gratificação salarial, independentemente da remuneração a que fizer jus”.
A gratificação é uma das conquistas históricas do trabalhador, comparável ao salário mínimo e às férias remuneradas. O autor do projeto de lei do 13º obrigatório foi o deputado federal Aarão Steinbruch, um advogado que, antes de ingressar na política, havia sido consultor de sindicatos de trabalhadores.
Foram os políticos da esquerda que construíram ao longo da história diversas conquistas para os trabalhadores, entre elas férias remuneradas, 13° salário, limite de 44 horas semanais e outras, mas todos estes eram antes, reivindicações dos sindicatos. Essas demandas nasceram nos sindicatos e se transformaram posteriormente em leis. Contudo, atualmente tudo isso está sendo revisto, e os direitos conquistados correm o risco de se perder, muitos projetos de lei e a própria reforma da previdência está redesenhando uma trajetória que era de vitórias dos trabalhadores. Parece piada, mas os comerciantes querem que os trabalhadores gastem o 13º salário em suas lojas, o mesmo 13º salário que eles não querem pagar.
Não é questão de ideologia, apenas análise dos fatos: a direita trabalha as demandas do interesse patronal; a esquerda, dos trabalhadores.
A queda do PT foi impulsionada pelo desejo de uma política mais limpa, sem corrupção, como se a corrupção tivesse uma sigla partidária. O atual governo se elegeu com o condão de combate à corrupção e os fatos recentes apontam que são tão corruptos quanto os antecessores. Entretanto todas as políticas têm impactado o proletariado brasileiro, este é quem está tendo que arcar com a conta do ajuste fiscal.
A corrupção é um problema endêmico em nossa sociedade, é o cobrador do ônibus que dá o troco errado, açougueiro que vende uma carne por outra, gasolina adulterada, empresário que não paga o imposto devido, PM que aceita o “cafezinho”, servidor público que cria dificuldade para vender facilidade, empregado que furta a loja em que trabalha, médico que cobra do plano de saúde por procedimento que não fez, engenheiro que vende laudo sem nem mesmo ir ao local, entre tantos outros com os quais convivemos no nosso dia a dia. Uma vez eleito, um destes dos exemplos acima, o que farão na política?
Precisamos combater a impunidade, para que os corruptos paguem pelos seus maus feitos e desestimule a continuidade da prática perniciosa, pouco importa a sigla partidária ou a corrente ideológica. Mas o trabalhador precisa ter a consciência de que quem tem políticas que atendam ao seu interesse é a esquerda e que esta se divide em vários partidos, assim como a direita também é dividida. Se um partido cometeu erro, precisamos alternar o partido do poder, mas a solução para o trabalhador não é trocar a esquerda pela direita, como foi feito na última eleição (2018) e sim buscar na esquerda uma alternativa, pois do contrário tudo que foi construído com suor, lágrimas, sangue e vidas se perderá.
A falta de consciência de classe de nosso povo está cobrando uma fatura muito cara, mas se for pedagógica terá valido a pena, pois em 2022 teremos a oportunidade de voltar ao trilho da construção de uma sociedade mais justa e fraterna, precisamos continuar a missão de construir um Estado de bem estar social esboçado em nossa constituição federal.
Que em 2020 a classe trabalhadora possa estar mais unida e consciente de seu papel, não se deixando enganar por falso moralismo, a união de trabalhadores se faz no sindical, a união dos sindicatos se faz nas federações e estas em confederações, sem a estrutura sindical o trabalhador perde a última barreira contra a escravidão moderna.
Que tenhamos um Natal de união e um ano novo com as esperanças renovadas.
Por Alexsandro Diniz, presidente da FEPROP