A Central Única dos Trabalhadores São Paulo (CUT-SP) se une à ação digital da Rede de Mulheres Uni Américas que pede providências urgentes à violência de gênero, que resulta em 12 mortes diárias de mulheres na América Latina, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).
A reportagem é da CUT-SP.
A ação reúne movimentos sindicais do Brasil, Argentina e Uruguai que integram a Mulheres Uni Américas, entidade que discute e promove a igualdade de gênero, o empoderamento e a erradicação da violência contra a mulher na América Latina.
A Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) foi a entidade brasileira que iniciou a campanha aqui no país, que consiste publicar no dia 25 de cada mês, pelas redes sociais, mensagens de protesto, denúncia e canais de apoio à mulher. A participação da CUT-SP na campanha inicia nesta quinta-feira 25, e poderá ser identificada com o uso da tag #CutSpSororidade.
“Essa campanha é só mais uma das formas de sensibilizar e chamar a atenção da sociedade em geral sobre a importância de denunciar a violência, que atinge mulheres do mundo todo. Ela não substituirá as outras lutas. Seguiremos denunciando nas ruas e cobrando nos espaços de construção política as medidas de combate e proteção, e a campanha irá fortalecer e mostrar que o grito que damos não tem fronteiras”, afirma a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-SP, Márcia Viana.
Em junho do ano passado, a Rede Mulheres Uni Américas promoveu um encontro no Brasil onde foi realizada uma oficina de formação com as participantes. Da atividade, saiu a proposta de atividade Sul-Americana conjunta.
“Nessa oficina de formação, decidimos pensar numa ação que pudesse unificar as mulheres da América e dar visibilidade à questão da violência. Por isso, decidimos que todos os meses, no mesmo dia, daríamos uma energia maior nas redes sociais para promover essa discussão. Iniciamos em julho passado e, mesmo no Natal, fizemos. E é muito importante ter a CUT somando nessa ação, sobretudo nesse momento de pandemia”, diz a secretaria da Mulher da Contraf-CUT, Elaine Cutis.
Violência
Segundo a ONU Mulheres, em relatório “O Progresso das Mulheres no Mundo 2019-2020: Famílias em um mundo em mudança”, 17,8% das mulheres no planeta relataram violências física ou sexual de seus companheiros em 2019. Isso significa uma em cada cinco mulheres. A América Latina concentra 14 dos 25 países com os mais altos índices de criminalidade no mundo.
Em São Paulo, o cenário é péssimo, sobretudo com o isolamento social ocasionado pelo novo coronavírus. Nos meses de março e abril deste ano, comparados ao mesmo período do ano passado, os casos de feminicídio aumentaram 41,4% no estado, de acordo com o estudo “Violência Doméstica durante a pandemia de Covid-19“, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Os assassinos, na maioria dos casos, são conhecidos e/ou viviam com a vítima.
Movimento sindical na luta
Segundo Márcia, a Secretaria incentivará os sindicatos a criarem espaços de escuta e apoio às mulheres de suas bases vítimas da violência. “É importante que os sindicatos ingressem nesta campanha, pois quanto mais entidades estiverem engajadas, haverá mais possibilidade de salvar uma vida. E diante do aumento dos casos de violência doméstica na pandemia, em que os agressores se aproveitam da situação, as mulheres precisam da maior rede de apoio possível e o movimento sindical poderá ser uma ferramenta importante”, diz.
A atuação dos sindicatos nessa luta já garantiu, inclusive, a aprovação de convenção na OIT (Organização Internacional do Trabalho). Há um ano, a Convenção 190 e a Recomendação 2016, que tratam sobre assédio moral e sexual no mundo do trabalho, foram aprovadas após dez anos de debates entre o movimento sindical, empregadores e governos do mundo todo.
O texto da Convenção foi uma construção a partir de vários debates, iniciado por movimentos de mulheres, que começou em 2009, na Confederação Sindical Internacional (CSI), e venceu resistências dos empregadores que consideravam o tema uma questão a ser resolvida por políticas públicas. A CUT participou desde o início, representada pela secretária da Mulher Trabalhadora da CUT Brasil, Junéia Batista, que pelo segmento Trabalhadores/as. A dirigente também representou a Internacional de Serviços Públicos (ISP). As entidades sindicais agora pressionam pela ratificação do Brasil.
Representante da CUT-SP no Conselho de Mulheres da Prefeitura de São Paulo, a bancária Adriana Magalhães concorda com Márcia.“É evidente que, mesmo com todos os esforços contra a violência doméstica, os dados continuam crescendo, logo precisamos fortalecer e ampliar os serviços públicos e gratuitos para as mulheres que sofrem. O sindicalismo cidadão também precisa acolher as trabalhadoras que sofrem essa violência, oferecendo atendimento jurídico e apoio emocional”, afirma.
COMO DENUNCIAR
Se presenciou ou está em situação abusiva e/ou de violência, clique na cidade de sua localidade mais próxima e veja os locais de apoio:
SÃO PAULO – CAPITAL
ABC PAULISTA
OSASCO
BAIXADA SANTISTA
SOROCABA
GUARULHOS
CAMPINAS E REGIÃO
PRESIDENTE PRUDENTE
ARAÇATUBA E REGIÃO
VALE DO RIBEIRA
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
OURINHOS E REGIÃO
BAURU E REGIÃO
Busque ajuda no sindicato
Caso você, mulher, não se sinta confortável com os caminhos acima para formalizar sua denúncia, a Secretaria da Mulher Trabalhadora da CUT-SP disponibiliza um canal para receber te ouvir e intermediar esse apoio. Encaminhe um e-mail para bastadeviolencia@cutsp.org.br, com suas informações de contato. O sigilo será garantido.
O que é sororidade?
Sororidade é um termo relativamente novo e diz respeito à união das mulheres, numa rede solidária de companheirismo e empatia mesmo entre desconhecidas. É reconhecer em outra mulher as dores e os desafios que ela sofre e tentar, juntas, buscar medidas positivas para o problema.
Fonte: SP Bancários