Logo que percebeu o impacto econômico do novo coronavírus, o Ministério da Economia anunciou que mais uma rodada de saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço seria liberada para ajudar os brasileiros que perderam renda na pandemia. E a hora de ter acesso a esses recursos, enfim, está chegando. Segundo a Medida Provisória (MP) 946, o saque emergencial do FGTS deve começar na próxima segunda-feira (15/6). O problema é que, até agora, o governo ainda não detalhou como serão feitas essas retiradas.
A MP foi publicada em 8 de abril e autoriza os trabalhadores a sacarem até R$ 1.045 das suas contas no Fundo. Pelos cálculos da equipe econômica, até R$ 36,2 milhões podem ser liberados a aproximadamente 60,8 milhões de trabalhadores. Por isso, a medida provisória também determina que obtenção do dinheiro começa em 15 de junho, mas poderá ser estendida até 31 de dezembro deste ano, “conforme cronograma de atendimento, critérios e forma estabelecidos pela Caixa Econômica Federal”.
O banco estatal é o operador do FGTS e, nas últimas movimentações como essa, estabeleceu calendários escalonados, de acordo com o mês de nascimento do trabalhador, para os saques. O sequenciamento tenta evitar a formação de filas e aglomerações nas agências e garantir que não faltará dinheiro no banco para esses trabalhadores. A apenas três dias do início dos saques, contudo, a Caixa ainda não estabeleceu como será esse escalonamento desta vez.
Logo que saiu a MP 946, o banco pediu um tempo para apresentar o calendário de saques, pois estava envolvido na organização do auxílio emergencial. Porém, mesmo depois que conseguiu colocar o pagamento dos R$ 600 em ordem, o banco não apresentou mais informações sobre o FGTS. Questionado pelo Correio, na semana passada, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, só adiantou que, para evitar tumulto nas agências, as retiradas do Fundo seguirão os mesmos moldes do pagamento da segunda parcela do auxílio emergencial. Ou seja: serão liberados, primeiramente, em uma conta digital da Caixa, que pode ser movimentada exclusivamente pelo aplicativo Caixa Tem; só depois poderão ser sacados em espécie ou transferidos para contas de outros bancos.
Quem recebe
Mas a Caixa ainda não informou se todos os trabalhadores vão receber o dinheiro em conta já nesta segunda-feira, nem explicou como as pessoas devem acessar suas novas contas digitais. Cerca de 20 milhões de brasileiros que têm direito ao saque do FGTS não têm conta em banco nenhum e, por isso, podem ter dificuldade em usar o aplicativo, segundo a instituição. Por isso, os questionamentos não param entre aqueles trabalhadores que estão passando por dificuldades financeiras, e contam com esse dinheiro para regularizar a vida financeira em alguma medida.
Questionado sobre o assunto, ontem, o Ministério da Economia reforçou que a questão agora é com a Caixa, que admitiu que esse “calendário ainda está em definição”. O banco afirmou que “não há data confirmada para divulgação ou mais informações sobre sua operacionalização”.
O Correio apurou que é possível que os depósitos, de fato, comecem na segunda-feira, mas pelas contas digitais da Caixa. E é provável que o banco só permita o saque em espécie em meados de julho. Isso porque, entre os dias 18 e 30 deste mês, vai fazer o pagamento do Bolsa Família, que por si só já leva muita gente às agências.
Depois disso, ainda deve ser liberado o saque do auxílio emergencial para os trabalhadores que não são do Bolsa Família. E, como nesse momento de pandemia, a ordem é evitar aglomerações, sobretudo em locais fechados como as agências bancárias. Assim, há a possibilidade de que o saque em espécie do FGTS fique para depois disso. Ainda assim, deve ser escalonado para evitar que os 60,8 milhões de trabalhadores se dirijam de uma única vez às agências.
Até chegar a data de pôr a mão no dinheiro, os trabalhadores devem ter que acessar os R$ 1.045 do FGTS apenas pelo Caixa Tem. Mas o banco garante que o aplicativo é fácil de ser entendido e permite que se pague contas e faça compras sem pagamento de tarifa por utilização.
R$ 60,8 milhões
de trabalhadores terão direito a receber os R$ 1.045, o que dá um desembolso de, aproximadamente, R$ 36 milhões, segundo o Ministério da Economia
Fonte: Correio Braziliense