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As novas tecnologias e o desemprego

Vez ou outra os noticiários apresentam grandes projetos (muitos deles orientais) e inovações no campo da robótica e da inteligência artificial, o que acaba dividindo opiniões, muitas delas sem um embasamento concreto muito focada no aspecto emocional. É nesse sentido que surgem as teses de que com a evolução da robótica, a mão de obra humana ficará cada vez mais obsoleta, estando a humanidade caminhando para sua própria destruição, com grandes depósitos de seres humanos, desempregados, famintos, sem nenhuma perspectiva de futuro, em um ambiente distópico digno de uma história cyberpunk. Dúvidas como “o que fariam com os desempregados?” e “substituindo a mão de obra, como um pai sem instrução vai conseguir alimentar a si e à sua família?” ganham força e a grande massa acaba atingida por elas, imaginando sempre um cenário catastrófico para os mais pobres.

 

Quando uma grande empresa ou um conglomerado econômico divulgam notícias de novos investimentos em equipamentos mais modernos e automatizados, surgem inúmeras críticas e, algumas vezes, estouram protestos na tentativa de barrar tal inovação. Grupos sindicalistas pressionam lideranças políticas para barrar tais investimentos visando a “garantia dos empregos”, o que acaba sendo acatado pelo risco político de curto prazo envolvido, afinal, não ouvir os “anseios dos trabalhadores” pode significar o fim de uma possível reeleição.

 

É muito comum vermos em filmes estrangeiros os personagens abastecendo seus veículos por conta própria, sem a figura de um frentista ou outro funcionário do posto. No Brasil, a Lei nº 9.956/2000 simplesmente proíbe o funcionamento de bombas de autosserviço, garantindo assim, o emprego de mais de meio milhão de trabalhadores (conforme números do Brasil Postos). Em um primeiro momento, parece bastante interessante, uma vez que garante o emprego de tantas famílias. Por outro lado, quando analisamos os custos envolvidos, fica nítido o problema. Todos os gastos com frentistas (incluindo todos os encargos trabalhistas) entram no passivo do estabelecimento. Um posto que possua três frentistas contratados via CLT, recebendo um salário mínimo cada, custa ao empregador mensalmente, algo em torno de R$ 7.500 (sete mil e quinhentos reais), totalizando um R$ 90.000 ao ano. Esse valor, logicamente, é embutido no preço final de seus produtos/serviços, e mesmo que se trate, talvez, de poucos centavos, é um custo a mais coberto pelos consumidores.

 

Diante disso, pode surgir a famosa dúvida: “mas sem o emprego dos frentistas, haveria mais pessoas desempregas”. Em um primeiro momento sim, mas perceba que nesta situação, o dono do posto também tem mais capital disponível para investir, podendo ser utilizado para novos processos de produção, novos empreendimentos, novas ideias, ao mesmo tempo que aquela mão de obra estará livre para ser empregada nessas novas ideias oriundas dos avanços tecnológicos. É muito importante lembrar que não é a geração de empregos que causa o desenvolvimento econômico, mas sim o contrário. Neste sentido podemos nos lembrar da famosa história de quando Milton Friedman esteve na China e se deparou com centenas de trabalhadores, munidos de pás e picaretas, construindo uma barragem. Milton comentou com o oficial chinês a situação, que tal trabalho poderia muito bem ser feito utilizando uma máquina escavadeira. O oficial chinês então lhe disse: “imagina quantos empregos seriam destruídos com isso?!”, ao que Milton propôs: “se são empregos que desejam, então por que não retiram as pás e picaretas dos trabalhadores e lhes dão colheres?”. Logicamente, as condições de trabalho seriam precárias, todos precisariam trabalhar em condições insalubres, sacrificando seus corpos por algo completamente injustificável, precisando trabalhar muito mais, empurrando o organismo para a mais completa exaustão.

 

É neste ponto que o desenvolvimento tecnológico é tão importante para a humanidade. Hoje não é mais necessário o uso de trabalho humano para arar grandes porções de terra, realizar sua colheita, a realização de controle de pragas, etc., basta um único trabalhador utilizando um trator, uma colheitadeira, um avião pulverizador, ou mesmo o proprietário utilizando um sistema totalmente automatizado ou controlado via internet, para que todo o trabalho seja realizado. Isso reduz os custos, reduz o preço final dos produtos e melhora a qualidade de vida de toda a população.

 

Todos os equipamentos tão utilizados hoje como os exemplos citados de máquinas agrícolas, o computador ou o telefone que você usa para ler este texto, a energia elétrica, o e-mail, tudo isso destruiu empregos no passado e nem por isso a sociedade colapsou. Todo o dinheiro economizado com mão de obra foi investido na modernização dos processos produtivos, poupando tempo, garantindo uma maior produtividade, redução de custos e a melhora da qualidade de vida de toda a sociedade. Isso com o processo de adaptação do ser humano, no surgimento de novos empregos oriundos dessas inovações.

 

Pense, por exemplo, no carroceiro que teve seu emprego destruído pelos veículos automotivos. Uma opção foi utilizar desse novo meio como forma de ganhar a vida, transportando pessoas da mesma forma como antes. E veja como empresas de aplicativos de transporte revolucionaram os serviços de táxi simplificando toda uma cadeia, garantindo maior conforto e melhor e maior qualidade. Veja que, embora inúmeros carteiros tenham perdido seu emprego com o advento do correio eletrônico (e-mail), as informações não precisaram mais esperar por meses para chegar até o receptor. Se, no passado, o estado tivesse criado leis para proteger todos esses trabalhadores que seriam lesados pela inovação, a qualidade de vida talvez ainda fosse a mesma da Idade Média, ou pior.

 

O trabalho braçal, atualmente, vai ficando cada vez mais para trás, dando espaço para que as máquinas exerçam esse trabalho com mais eficiência, garantindo maior qualidade de vida dos trabalhadores, que agora não precisam mais destruir seus corpos. A capacidade criativa do ser humano sempre conseguiu desenvolver métodos para se adaptar às novas formas de trabalho, resolvendo problemas, criando empregos, solucionando sérios problemas sociais, trazendo maior prosperidade para as massas. Sem interferências estatais e estando os indivíduos livres para criar soluções, a robótica e a inteligência artificial não serão mais do que um grande passo para a humanidade garantir seu progresso.

 

Fonte: Hora Certa